Na
Educação Especial, muitos já me perguntaram como é trabalhar com
alunos que possuem deficiência. Alguém já me perguntou também se
imagino como seria o sentimento de uma mãe de criança com
deficiência, o que é para mim impossível descrever com
propriedade em palavras, tão profundo sentimento.
Mas
hoje eu me deparei pensando em como a pessoa que tem deficiência se
sente, e me peguei pensando na minha própria limitação visual.
Por
isso, vou tentar descrever um pouco dos meus sentimentos para as
pessoas que nunca compartilharam dessa
experiência poderem entender um pouco de nossos sentimentos.
Ter
baixa visão, mesmo que não seja tão acentuada como a minha, na
real é driblar os obstáculos, seguir por caminhos que poucos
trilharam, uma vida cheia de dificuldades, anseios, surpresas, mas
uma vida também cheia de recompensas, superação, gratidão e amor!
Uma
vida onde é necessário descobrir alternativas extras para se
alcançar o que deseja, se contentar se não conseguir realizar todas
suas vontades, conhecer suas características, limitações,
virtudes, acreditar em si mesmo, não se abalar para descrenças em
sua pessoa ou no seu potencial, e acreditar mais ainda em Deus que
pode conduzir sua vida de forma maravilhosa, por caminhos nunca
pensados e/ou planejados!!!
Ter
baixa visão não nos faz menores, não nos faz incapazes de sonhar,
não deixamos de sonhar, mas cogitamos a mudança de planos, durante
a existência, porque muitas vezes por causa da limitação visual,
temos que alterar ideias, sonhos. Esta alteração de planos, nem
sempre é tão ruim, é apenas diferente, e a gente se adapta, e
acaba gostando.
Com
certeza, em muitos momentos da minha vida eu tive que ir mais
devagar, precisei de algum recurso, de um tempo maior, de algum
apoio extra, mas nada que não fosse possível realizar, nada que me
fizesse me sentir incapaz.
É
certo que enxergar pouco causa dores, frustrações, ansiedade,
canseira, mas o melhor é não ficar me lamentando, em luto, como
quando não pude tirar carteira, por exemplo.
Penso
que se eu me lamentar e viver sofrendo por isso, não terei o prazer
de aproveitar tão belas coisas deste mundo, que são possíveis sem
ter a visão plena, coisas fascinantes e especiais que todos
independentes de qualquer limitação, podemos usufruir, durante
nossa estadia, como peregrinos nesta terra.