A educação sendo ofertada pela ead no estado do Paraná tem sido uma solução para garantir a carga horária e os dias letivos do aluno nesta situação de pandemia covid 19 . Os alunos “ditos normais” estão se esforçando , eles não possuem nenhum transtorno, nenhuma disfunção neurológica , nenhuma ou quase nenhuma limitação sensorial ( com exceção da baixa acuidade visual ou perda auditiva - que se resolvem com recursos ópticos ou aparelho auditivo)e mesmo assim estão tendo dificuldades em acessar aplicativos e realizar atividades online.
Queria fazer uma reflexão aqui em relação aos alunos que possuem Tdah e apresentar a vocês as dificuldades que estes alunos estão tendo , além das já citadas, nesta situação:
Primeiro, os alunos com Tdah não conseguem ficar vários minutos em uma atividade que exige atenção sustentada, não conseguem, por isso, assistir às aulas em vídeo até o final;
- - Na sala de aula presencial quando não entendem eles perguntam ao professor e quando não perguntam por medo ou vergonha, outro aluno geralmente pergunta. E o professor acaba tirando suas dúvidas ao responder o questionamento do colega.
- - Em ead, ele tem que assistir a aula toda primeiro para depois questionar o professor sobre sua dúvida, o que dificilmente vai acontecer devido a dificuldade dele conseguir assistir a aula completa.
- - Muitos destes alunos têm dificuldades na memorização, além de falhas na organização, planejamento, por este motivo não vão conseguir elencar suas dúvidas por prioridades, sequências de recebimento e envio, sequência de entrega, não vão conseguir planejar e cumprir prazos, nem realizar agendamento, muito menos planejamento em relação às resoluções das tarefas.
- - O aluno com Tdah necessita ser estimulado, cobrado e necessita de uma rotina que na educação em ead, precisa ser organizada pelo próprio aluno, infelizmente o transtorno limita essa capacidade.
- - Em ead o aluno precisa ser autodidata, ter interesse em aprender, o que dificilmente o Tdah possui, já que as disciplinas escolares fogem do seu interesse , e para ele são difíceis e chatas.
- - O aluno que possui Tdah necessita de mediação individual, atendendo suas individualidades e especificidades, o ensino deve ser organizado com estratégias diferenciadas, de acordo com suas necessidades o que é difícil em ead, já que atividades são elaboradas pensando-se no coletivo escolar.
- - Aluno com Tdah necessita de ambiente propício ao aprendizado, com poucos ruídos, sem muitos estímulos sensoriais, para elevar o grau de atenção do aluno, o que é impossível em casa, pois o que mais têm no ambiente familiar são estímulos exacerbados: cor, vozes, pessoas entrando no ambiente, som ligado, cachorro latindo, etc.
- - O ideal são os modelos de aulas entusiasmadas conversando, chamando o aluno para a aula, com repetições de explicações, explicações diretas, claras, ditas com ênfase, com expressões faciais, olhando-se no olho do aluno, possibilitando a sua participação; o que na educação em ead é impossível, já que as aulas são gravadas.
- - Tarefas passivas ou pouco interessantes para o Tdah devem ser intercaladas com tarefas ativas ou de grande interesse, favorecendo a atenção e a concentração; neste caso, em ead, as tarefas são iguais para todos os alunos, portanto não são elaboradas de acordo com os interesses individuais de cada aluno.
- Recomenda-se como estratégia interessante no trabalho pedagógico ao aluno com tdah, dar tarefas curtas, limitar a quantidade de tarefas, priorizando as questões importantes e as modificando, de modo que facilite a compreensão do aluno, dar um tempo maior para a entrega dos trabalhos. Em ead, as tarefas tem o mesma prazo de entrega e não há diferenciação para o aluno com transtorno.
- - Com o aluno Tdah, o professor deve aceitar formas opcionais de mostrar o conhecimento, como respostas orais, desenhos representativos, etc., o que não é possível em ead, pois o aluno precisa apresentar respostas por escrito (na maioria das vezes através de formulários).
- - Em explicações para uma tarefa ou sobre um conteúdo, deve–se estabelecer um contato visual com o aluno, chamá-la nominalmente, para ele não se distrair enquanto é dada a orientação; isso não é possível através da ead.
- - O professor deve apresentar ao aluno a ideia central do assunto explicitamente ao início da explicação até que apareça a informação essencial; Incentivar, durante as explicações, a geração de estratégias de categorização e de formação de imagens mentais dos conceitos; será que na educação a distância acontece isso?
- E isso: Realizar pausas periódicas durante as explicações, para que disponham de tempo para assimilar a informação (pausas de dois minutos, para uma explicação de aproximadamente 20 minutos)?
- Poderia enumerar outras várias atitudes pedagógicas que não recrimino na educação a distância, mas que considero serem ineficazes a alunos com Tdah. Vou citar só mais uma:
- - Utilizar sinais não verbais (gestos cujo significado somente seja conhecido pelo aluno e o professor), de modo a redirecionar sua atenção durante a explicação. Digam-me como o professor da ead será capaz de realizar esta ação se ele nem conhece virtualmente o aluno que assiste suas aulas?
- Com tudo isso, mesmo com o professor especializado colaborando neste processo ensino aprendizagem, não se conseguirá resultados tão satisfatórios, visto que a grande maioria das ações citadas necessitam do professor em contato físico com o aluno para serem exitosas.
- Não culpo nenhuma mantenedora, nenhuma instituição de ensino, nenhum ato político, nenhuma liderança, nem postura pedagógica, porque sei que todo o proposto foi necessário devido às circunstâncias e o propósito muito bem intencionado.
- Apenas apresento opinião sobre o processo de inclusão dos alunos com Tdah , que foi fortemente abalado. E desejo ardentemente estar equivocada no exposto nestas proposições e ao fim desta pandemia, eu possa descubrir que me precipitei no julgamento, que a ead deu condições de aprendizagem a todos os alunos, sem distinção e finalmente eu redescubra a ead como estratégia pedagógica promissora e eficiente no processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, em específico ao aluno com Tdah. Realmente é o que desejo fervorosamente!!!