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quarta-feira, 29 de abril de 2020

TDAH e EAD em tempos de Covid 19





A educação  sendo ofertada pela ead no estado do Paraná  tem sido uma solução para garantir a carga horária e os dias letivos do aluno nesta situação de pandemia  covid 19 . Os alunos “ditos normais” estão  se esforçando , eles não possuem nenhum transtorno, nenhuma disfunção neurológica , nenhuma ou quase nenhuma limitação sensorial ( com exceção da baixa acuidade visual  ou perda auditiva - que se resolvem com recursos ópticos ou aparelho auditivo)e mesmo assim estão tendo dificuldades em acessar aplicativos e realizar atividades online.
Queria  fazer uma reflexão aqui em relação aos alunos que possuem  Tdah e apresentar a vocês as dificuldades que estes alunos estão tendo , além das já citadas, nesta situação:

Primeiro, os alunos com Tdah não conseguem ficar vários minutos em uma atividade que exige atenção sustentada, não conseguem, por isso, assistir às aulas em vídeo até o final;
  • - Na sala de aula presencial quando não entendem eles perguntam ao professor e quando não perguntam por medo ou vergonha, outro aluno geralmente pergunta. E o professor acaba tirando suas dúvidas ao responder o questionamento do colega.
  • - Em ead,  ele tem que assistir a aula toda primeiro para depois questionar o professor sobre sua dúvida, o que dificilmente vai acontecer devido a dificuldade dele conseguir assistir a aula completa.
  • - Muitos destes alunos têm dificuldades na memorização, além de falhas na organização, planejamento, por este motivo não vão conseguir elencar suas dúvidas por prioridades, sequências de  recebimento e envio, sequência de entrega, não vão conseguir planejar e cumprir prazos, nem  realizar agendamento, muito menos planejamento em relação às resoluções das tarefas.
  • - O aluno com Tdah necessita ser estimulado, cobrado e necessita de uma rotina que na educação em ead,  precisa ser organizada  pelo próprio aluno,  infelizmente o transtorno limita essa capacidade.
  • - Em ead o aluno precisa ser autodidata, ter interesse em aprender, o que dificilmente o Tdah possui,  já que as disciplinas escolares fogem do seu interesse , e para ele são difíceis e chatas.
  • - O aluno que possui Tdah necessita de mediação individual, atendendo suas individualidades e especificidades, o ensino deve ser organizado com estratégias diferenciadas, de acordo com suas necessidades o que é difícil em ead,  já que atividades são elaboradas pensando-se no coletivo escolar.
  • - Aluno com Tdah necessita  de ambiente propício ao aprendizado, com poucos ruídos, sem muitos estímulos sensoriais,  para elevar o grau de atenção do aluno, o que é impossível em casa, pois o que mais têm  no ambiente familiar são estímulos exacerbados: cor, vozes, pessoas entrando no ambiente, som ligado, cachorro latindo, etc.
  • - O ideal são os modelos de aulas entusiasmadas conversando, chamando o aluno para a aula,  com repetições de explicações, explicações diretas, claras,  ditas com ênfase, com expressões  faciais, olhando-se no olho do aluno, possibilitando a sua participação; o que na educação em ead é impossível, já que as aulas são gravadas.
  • - Tarefas passivas ou pouco interessantes para o Tdah devem ser  intercaladas com tarefas ativas ou de grande interesse, favorecendo a atenção e a concentração;  neste caso, em ead, as tarefas são iguais para todos os alunos, portanto não são elaboradas de acordo com os interesses individuais de cada aluno.
  • Recomenda-se como estratégia interessante no trabalho pedagógico ao aluno com tdah,  dar tarefas curtas, limitar a quantidade de tarefas, priorizando as questões importantes e as modificando, de modo que facilite a compreensão do aluno, dar um tempo maior para a entrega dos trabalhos. Em ead, as  tarefas tem o mesma prazo de entrega e não há  diferenciação para o aluno com transtorno.
  • - Com o aluno Tdah, o professor deve aceitar formas opcionais de mostrar o conhecimento, como respostas orais, desenhos representativos, etc., o que não é possível em ead, pois o aluno precisa apresentar respostas por escrito (na maioria das vezes através de formulários).
  • - Em explicações para uma tarefa ou sobre um conteúdo, deve–se estabelecer um contato visual com o aluno, chamá-la nominalmente, para  ele não se distrair enquanto é dada a orientação; isso não é possível através da ead.
  • - O professor deve apresentar ao aluno a ideia central  do assunto explicitamente ao início da explicação até que apareça a informação essencial; Incentivar, durante as explicações, a geração de estratégias de categorização e de formação de imagens mentais dos conceitos; será que na educação a distância acontece isso?
  • E isso: Realizar pausas periódicas durante as explicações, para que disponham de tempo para assimilar a informação (pausas de dois minutos, para uma explicação de aproximadamente 20 minutos)?
  • Poderia enumerar outras várias atitudes pedagógicas que não recrimino na educação a distância, mas que considero serem ineficazes a alunos com Tdah. Vou citar só mais uma:
  • - Utilizar sinais não verbais (gestos cujo significado somente seja conhecido pelo aluno e o professor), de modo a redirecionar sua atenção durante a explicação. Digam-me como o professor da ead será capaz de realizar esta ação se ele nem conhece  virtualmente o aluno que assiste suas aulas?
  • Com tudo isso,  mesmo com o professor especializado colaborando neste processo ensino aprendizagem, não se conseguirá resultados tão satisfatórios, visto que a grande maioria das ações citadas necessitam do professor em contato físico com o aluno para serem exitosas.
  • Não culpo nenhuma mantenedora, nenhuma instituição de ensino, nenhum ato político, nenhuma liderança, nem postura pedagógica, porque sei que todo o proposto foi necessário devido às circunstâncias e o propósito muito bem intencionado.
  • Apenas apresento opinião sobre o processo de inclusão dos alunos com Tdah , que foi fortemente abalado. E desejo ardentemente estar equivocada no exposto nestas proposições e ao fim desta pandemia, eu possa descubrir que me precipitei no julgamento, que a ead deu condições de aprendizagem a todos os alunos, sem distinção   finalmente eu redescubra a ead como estratégia pedagógica promissora  e eficiente no processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, em específico ao aluno com Tdah. Realmente é o que desejo fervorosamente!!!

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