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quinta-feira, 13 de junho de 2019

Baixa visão com prognóstico de cegueira: A importância de aprender Braille




CRÉDITOS DA IMAGEM; http://www.deficienciavisual.pt/txt-alfabetizacao_alunos_bv_significativa.htm


Baixa visão: é a alteração da capacidade funcional da visão, decorrente de inúmeros fatores isolados ou associados tais como: baixa acuidade visual significativa, redução importante do campo visual, alterações corticais e/ou de sensibilidade aos contrastes que interferem ou limitam o desempenho visual do indivíduo.
Dizemos que uma pessoa tem baixa visão quando apresenta 30% ou menos de visão no melhor olho, após todos os procedimentos clínicos, cirúrgicos e correção com óculos comuns.
Essas pessoas apresentam dificuldades de ver detalhes no dia a dia. Por exemplo, vêem as pessoas mas não reconhecem a feição; enxergam a lousa, porém, não identificam as palavras; no ponto de ônibus, não reconhecem os letreiros...
O trabalho com alunos com baixa visão baseia-se no princípio de estimular e/ou treinar a utilização plena do potencial de visão e dos sentidos remanescentes, bem como na superação de dificuldades e conflitos emocionais e dificuldades no processo ensino aprendizagem decorrentes do problema visual.
Conhecer o desenvolvimento global do aluno, o diagnóstico, a avaliação funcional da visão, o contexto familiar e social, bem como as alternativas e os recursos disponíveis, facilitam o planejamento de atividades e a organização do trabalho pedagógico.
Nas perdas visuais profundas, geralmente com acuidade visual menor que 0.04, a distância para leitura se torna muito reduzida, lenta e cansativa, portanto, os alunos poderão se beneficiar os recursos ópticos especiais, de recursos específicos (lupas de apoio, telelupa, material com caracteres ampliados, etc.), capazes de maximizar a eficácia de seu resíduo visual e o treino de visão(SÁ E SIMÃO, 2010), que têm como finalidade um uso mais eficiente das competências visuais distinguindo-se assim dos programas de estimulação da visão, cujo objetivo é promover o desenvolvimento do sistema visual ativando as estruturas visuais neurológicas (Kinds e Moonen, 2002).
As modificações ambientais também são muito importantes, melhorando a função visual através do controle e iluminação da transmissão e da reflexão da luz e do aumento do contraste, modificação dos materiais, ampliação da imagem, sistemas de vídeomagnificação e dos computadores, utilização de acessórios para melhorar o conforto físico e o desempenho das tarefas do dia a dia
O indivíduo que possui resíduo visual mas não consegue independência para a escrita em tinta, precisa primeiramente estimular todos os órgãos dos sentidos, principalmente a percepção tátil, para posteriormente conseguir identificar e aprender os pontos do Braille.
Essas dificuldades são encontradas pela pessoa que está aprendendo o Sistema Braille, pois conforme Sá e Simão (2010, p. 50) “A compreensão do Código Braille envolve um conjunto de conhecimentos e a apropriação de conceitos espaciais e numéricos, discriminação tátil, destreza de manipulação e coordenação motora, dentre outros.”
Para dar inicío à construção da alfabetização em Braille, é preciso que esse alfabetizando passe por uma estimulação visual onde “aprenderá a ver” a partir de diferentes tarefas cognitivas e sensoriais, para tdesenvolver possibilidades sensoriais, representativas,ais como;
· Tomar consciência de seus diferentes sentidos,
· Preparação para formas,
· Discriminação e reconhecimento de diferentes relevos,
· Memória e organização “visual”.
. Utilização de recursos multisensoriais, com alto contraste, texturas e alto relevo ;

Importante a adaptação de materiais pedagógicos e jogos que favoreçam o desenvolvimento das funções visuais, táteis cinestésicas, motoras e cognitivas, como por exemplo jogos de pareamento, memória, dominó de letras e números, loto etc... com letras tridimensionais do alfabeto, com alto contraste e codificadas com símbolo Braille.

Assim que receba o prognóstico, a pessoa com baixa visão deve receber atendimento psicológico e professor especializado, em parceria com a família, que também deverá receber atendimento psicológico, pois o fato da futura cegueira acarretará problemas emocionais , a perda das habilidades e hábitos já aprendidos e automatizados e isso produzirá uma redução das ações que automaticamente ela realiza (KASTRUP, 2007, p. 70).
Importante que sejam avaliadas as funções visuais dos alunos, pesquisadas e oferecidas todas as oportunidades que favoreçam o desempenho visual, e caso não consiga melhora no seu desempenho, ai sim levar o aluno a utilizar o Braille, mas o mesmo não pode ser a única forma de acesso à leitura e escrita.
Em casos de prognóstico oftalmológico complexos e ambíguos ou desfavoráveis, em que a pessoa poderá ficar cega, não existe qualquer inconveniente em promover o treino visual para melhorar sua qualidade de visão e o aprendizado do Braille em conjunto. Após o aprendizado do Braille, a pessoa poderá optar qual sistema (Braille ou escrita em português) utilizará, prioritariamente, no seu cotidiano.
A perda da visão na infância, na adolescência ou na fase adulta ou senil é chamada de cegueira adventícia. As principais causas estão relacionadas a doenças infecciosas, e a traumas oculares.
Ter baixa visão é um fato que incomoda, mas saber que vai perder as competências básicas, que terá dificuldades em se vestir, se alimentar, se locomover, de se desviar de obstáculos, de se apresentar de forma socialmente aceitável, ter que aprender o Braille, dificultará ainda mais a aceitação. Mas é um fato que a pessoa deverá saber e antes que venha a cegueira estar preparada para enfrentá-la . O indivíduo que sabe que perderá a visão na fase adulta ou senil, tem os conceitos e abstrações formadas, tem uma memória visual, construiu conceitos a partir de experiências visuais, enquanto era vidente e alfabetizou-se em tinta (Língua Portuguesa). Mesmo assim, ela deverá contar com o apoio da professora especializada para já aprender a usar a bengala , aprender a orientar-se em termos espaciais, aprender a escolher pontos de referência, aprender a utilizar os sentidos como o olfato e paladar, audição e o tato, pois isso será muito importante para substituição da visão. E quando acontecer da cegueira chegar, a pessoa estará mais segura, com menos pânico, para conviver no meio familiar e no espaço exterior. Para Vygotski (1997) o principal conflito enfrentado pela pessoa com cegueira é a (re) inserção social.
Esse aprendizado do Braille deve acontecer o mais breve cedo possível, iniciando com atividades preparatórias, o alfabeto, sílabas, e ir aumentando gradualmente para palavras, frases e finalmente textos. Desta forma, o aluno com baixa visão terá melhores condições de inclusão social, de acesso aos bens culturais disponíveis na sociedade e de usufruir de seus direitos enquanto cidadão.
Fontes:




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