Quem atua em processos
ensino-aprendizagem de Matemática, fatalmente, já teve de ouvir a
pergunta: Por que se estuda Matemática
Além do fato dela permitir o exercício de algumas ações práticas
do cidadão e a compreensão de alguns fenômenos relativos à
sociedade, a Matemática fornece uma poderosa ferramenta simbólica
que serve de suporte ao pensamento humano, explicitando intensidades,
relações entre grandezas e relações lógicas sendo, por este
motivo e por excelência, a linguagem da ciência. Além disto, o ato
de estudar Matemática desenvolve o raciocínio do estudante e isto
permite que ele seja capaz de compreender com mais facilidade os
conceitos de outros ramos do conhecimento humano e as inter-relações
entre estes conceitos.
O mundo está em
constante mudança, dado o grande e rápido desenvolvimento da
tecnologia. Para acompanhar esta rápida mudança, foi necessário
estudar e pesquisar como deveria ser o ensino de Matemática no
ensino fundamental.
Nas últimas décadas,
muitos pesquisadores da Psicologia Cognitiva se dedicaram a estudar e
pesquisar como as crianças e os jovens aprendem, como transferem a
aprendizagem para resolver situações-problema, como constroem
conceitos, qual é a maturidade cognitiva necessária para se
apropriar, com significado de determinado conceito.
Aproveitando tais
pesquisas e estudos, educadores matemáticos de todo o mundo
começaram a se reunir em grupos e em congressos internacionais para
discutir como usar esses avanços da Psicologia Cognitiva. Iniciou-se
então um grande movimento internacional para melhorar a aprendizagem
e o ensino da Matemática, surgindo a Educação Matemática – área
do conhecimento já consolidada, que vem contribuindo muito, por
meios de estudos e pesquisas, para mudar o ensino da Matemática.
A alfabetização
matemática, exigida para todo cidadão do terceiro milênio, não se
restringe a números e cálculos. Tão importante quanto os números
é a geometria, que permite compreender: o espaço, sua ocupação e
medida, trabalhando com as formas espaciais ou tridimensionais, as
superfícies, suas formas, regularidades e medidas.
Atualmente, igual
importância tem a estatística, que cuida da coleta e organização
de dados numéricos em tabelas e gráficos para facilitar a
comunicação. Da mesma forma, a probabilidade, que trata das
previsões e das chances de algo ocorrer.
Por outro lado, medir
usando adequadamente instrumentos de medida é uma atividade diária
de qualquer cidadão em casa ou no exercício de uma profissão.
Finalmente, a álgebra
nos ajuda nas generalizações, nas abstrações, na comunicação de
idéias e fenômenos por meio da linguagem matemática e na resolução
de problemas em que a aritmética é insuficiente.
Objetivos
Gerais do Ensino de Matemática para o 3º e 4º ciclos
As
finalidades do ensino de Matemática visando à construção da
cidadania indicam como objetivos do ensino fundamental levar o aluno
a :
- identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o mundo à sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas;
- fazer observações sistemáticas de aspectos qualitativos e quantitativos da realidade, estabelecendo inter-relações entre eles, utilizando o conhecimento matemático ( aritmético, geométrico, métrico, algébrico, estatístico, combinatório, probabilístico );
- selecionar, organizar e produzir informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las criticamente;
- resolver situações-problema, sabendo validar estratégias e resultados, desenvolvendo formas de raciocínio e processos, como intuição, dedução, analogia, estimativa, e utilizando conceitos e procedimentos matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis;
- integrar os vários eixos temáticos da Matemática ( números e operações, geometria, grandezas e medidas, raciocínio combinatório, estatística e probabilidade ) entre si e com outras áreas do conhecimento;
- comunicar-se de modo matemático, argumentando, escrevendo e representando de várias maneiras ( com números, tabelas, gráficos, diagramas, etc. ) as idéias matemáticas;
- interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente na busca de soluções para problemas propostos, identificando aspectos consensuais ou não na discussão de um assunto, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.
Objetivos Específicos
do Ensino de Matemática para o 3º e 4º ciclos
Nestes
ciclos, o ensino de Matemática deve procurar desenvolver :
- o pensamento numérico, ampliando e construindo novos significados para os números e as operações; resolvendo situações-problema que envolvam os vários tipos de números e operações; identificando e utilizando diferentes representações para esses números; utilizando vários procedimentos de cálculo mental, estimativas, arredondamentos e algoritmos;
- o pensamento algébrico, procurando generalizar propriedades das operações aritméticas; traduzindo situações-problema na linguagem matemática que relacionem duas variáveis dependentes; interpretando expressões algébricas, igualdades, desigualdades e resolvendo equações, inequações e sistemas;
- o pensamento geométrico, trabalhando primeiro as figuras espaciais ou tridimensionais, depois as figuras planas ou bidimensionais e, em seguida, os contornos de figuras planas ou unidimensionais; classificando essas figuras, observando semelhanças e diferenças entre elas; construindo representações planas das figuras espaciais sob diferentes pontos de vista; compondo, decompondo, ampliando e reduzindo figuras geométricas planas; localizando pontos no plano cartesiano; verificando o que varia e o que não varia em uma transformação geométrica levando aos conceitos de congruência e semelhança; trabalhando inicialmente de modo experimental ( geometria experimental ) para, pouco a pouco, apresentando pequenas demonstrações ( geometria dedutiva );
- o raciocínio proporcional, observando a variação entre grandezas e estabelecendo relações entre elas; resolvendo situações-problema que envolvam proporcionalidade; representando a variação entre duas grandezas em um plano cartesiano e identificando se elas são direta ou inversamente proporcionais ou se não são proporcionais;
- o raciocínio combinatório, analisando quais e quantas são as possibilidades de algo acorrer e resolvendo situações-problema que envolvam a idéia de possibilidades;
- o raciocínio estatístico e probabilístico, coletando, organizando e analisando informações; elaborando tabelas, construindo e interpretando gráficos; desenvolvendo a idéia de chance e de sua medida ( probabilidade ) ; resolvendo situações-problema que envolvem dados estatísticos e conceito de probabilidade;
- a competência métrica, ampliando e aprofundando o conceito de medida de uma grandeza; utilizando unidades adequadas de medidas em cada situação e resolvendo situações-problema que envolvam grandezas e medidas; utilizando vários instrumentos de medidas;
- as conexões e integração dos conceitos matemáticos estudados em eixo temático ( números e operações, geometria, grandezas e medidas, raciocínio combinatório, estatística e probabilidade) e investigar sua presença em outras áreas do conhecimento;
- a atitude positiva em relação à Matemática, valorizando sua utilidade, sua lógica e sua beleza em cada conceito estudado;
- a comunicação das idéias matemáticas de diferentes formas: oral, escrita, por tabelas, diagramas, gráficos, etc.
Referências
Bibliográficas:
DANTE,
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BRASIL/MEC.
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Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
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LIMA,
Elon Lages. Meu Professor de Matemática.
Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).
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REVISTA,
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de Matemática (SBM).
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