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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL – ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO


PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL – ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO
Referente à audição, podem:

Parecer não ouvir bem, mesmo tendo uma audição dentro dos padrões de normalidade;
Procurar pistas visuais no rosto do falante;
Apresentar déficit em entender e, por consequência, seguir regras e ordens, principalmente quando são faladas sequencialmente (por exemplo: “preciso que você vá até seu armário e pegue sua jaqueta branca, sua calça preta, sua meia azul e sua camiseta amarela”);
Demorar em escutar e/ou entender quando chamado. Apresentam dificuldades para entender de imediato o chamado do interlocutor, e precisam ser chamados mais de uma vez;
Apresentar dificuldades em localizar a fonte sonora; • Pedir para repetir a conversa, durante o diálogo, ou utilizar muito as expressões: “hã?”, “o quê?”, “como?”, “não entendi?”. Podem, também, ocorrer as seguintes situações: – Eu sei o que você falou, mas não entendi o que você disse. Dá para repetir?? – Quê? O que você falou depois de menina??? – Você falou o quê? Tente ou sente?? – Quero dizer uma coisa, mas não acho a palavra certa...Espera aí, tá na ponta da língua?
Ter dificuldade para entender a conversa em ambientes que apresentem ruídos ou barulhos;
Ter dificuldade para entender e acompanhar uma conversa quando tem muitas pessoas conversando ao mesmo tempo; • possuir dificuldade para lembrar o que foi dito, e ter dificuldades para memorizar;
Apresentar dificuldades em manter a atenção auditiva;
Há cansaço ou atenção curta para sons em geral;
apresentar dificuldades em aprender músicas ou ritmos.

Referente ao comportamento social, podem possuir:

Distração;
Ansiedade e impaciência;
Impulsividade;
Agitação;
Tendência ao isolamento (sentem-se frustrados ao notarem suas falhas, na escola ou em casa);
Desorganização.

Referente à linguagem expressiva, podem:
Ter alterações em alguns sons da fala;
Ter dificuldades em se expressar no que se refere ao uso das estruturas gramaticais;
Apresentar dificuldades em lembrar palavras durante a conversa;
Ter dificuldade em compreender ideias abstratas, piadas ou expressões com duplo sentido;
Apresentar dificuldade em perceber os aspectos prosódicos de fala, como ritmo, entonação e dar ênfase na sílaba tônica;
Manifestar deficit em contar história, apresentando dificuldades em manter uma sequência lógica, bem como em repassar recados. Confundem-se ao contar fatos ou histórias. Referente à linguagem escrita e leitura, podem:
Na escrita, apresentar trocas de letras com sons parecidos, principalmente surdos e sonoros (p/b, t/d, f/v, k/g, s/z, / Ž / Š ).
Ocorrer a inversão de letras (b, p, d, q), principalmente na escrita;
Apresentar disgrafia, que é também chamada “letra feia”;
Possuir dificuldades em elaborar um texto, resgatar ideias e organizá-lo através da escrita;
Apresentar dificuldades em compreender o que lê, principalmente uma informação abstrata;
Ter dificuldades em acompanhar o ritmo do ditado;
Ocorrer deficit na interpretação dos problemas de matemática. 

Referente ao desempenho escolar, podem:

Apresentar problemas de memória de nomes, números etc.;
Precisar copiar as tarefas dos outros em sala de aula, pois 
ficam atrasados;
Apresentar dificuldades com regras de acentuação gráfica; 
• demonstrar baixo rendimento escolar na leitura, gramática,
Ortografia e na interpretação da leitura, influenciando assim, em várias matérias.


Algumas das comorbidades mais encontradas:
Desvio fonológico;
Dificuldade de aprendizagem;
Distúrbio/ Transtorno de Aprendizagem (Dislexia, Disortografia, Disgrafia, Discalculia);
Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH);
Distúrbio Específico de Linguagem (DEL).


CAUSAS As causas das alterações nas habilidades auditivas podem ser as mais variadas possíveis, porém, podem ser destacados os seguintes fatores, segundo (ALVAREZ, CAETANO e NASTAS, 1997; MUSIEK e CHERMAK,1997):

Otites frequentes na primeira infância. A presença de processos alérgicos e respiratórios, tais como sinusites, hipertrofia de adenoides e amígdalas, rinites e até mesmo refluxo gastroesofágico ou laringofaríngeo estão comumente associados;
Febres altas e contínuas;
Alterações de ouvido médio e interno;
Pouca estimulação auditiva durante a primeira infância pode gerar uma imaturidade das estruturas do sistema nervoso central;
Hereditariedade – um grande número de casos de pais e filhos apresentam características semelhantes;
Alterações neurológicas, como doenças neurodegenerativas, alterações causadas por anoxia neonatal, epilepsia, entre outros;
Alcoolismo materno ou uso de drogas psicotrópicas na gestação;
Indivíduos que utilizam álcool e drogas psicotrópicas por tempo prolongado;
Prematuridade, permanência em incubadora, hiperbilirrubinemia e peso de nascimento inferior a 1.500 g;
Problemas congênitos (rubéola, sífilis, citomegalovírus, herpes e toxoplasmose);
Deficit cognitivos;
Síndromes neurológicas;
Psicose; • transtorno do espectro autista

SUBPERFIS PRIMÁRIOS DO PAC PROBLEMAS/DIFICULDADES

CARACTERÍSTICAS:

Deficit de decodificação auditiva 
– Dificuldade em analisar características entre sons da fala, nas tarefas que exigem discriminação ou reconhecimento de sons.
 – Demonstra déficit em compreender a fala pela dificuldade de discriminação auditiva, especialmente em ambientes ruidosos, e solicita, por isso, repetições frequentes. Além disso, pode apresentar defasagem na compreensão da leitura. 
– Tende a apresentar um vocabulário reduzido, substituições de letras na fala e/ou na escrita (traço de sonoridade). Deficit de prosódia ou não verbal
– Dificuldade na compreensão e/ou na utilização das características suprassegmentais da fala, por exemplo, compreender e emitir enunciados que expressem emoções ou pensamentos e compreender sarcasmos ou expressões não literais. 
– Este deficit expressa-se numa fala monótona com ausência de marcadores de ênfase. 
– Apresenta dificuldades em compreender a intenção da mensagem, acompanhar o ritmo, entender piadas, associar som-símbolo, compreender leitura. Suas maiores defasagens seriam nas aulas de cálculo, geometria, música e artes.

Deficit de integração auditiva 

– Caracteriza-se pela dificuldade em realizar tarefas que requerem a comunicação inter-hemisférica, como as tarefas multimodais. Em geral, apresenta dificuldades em reconhecer e utilizar os padrões de informação e possui o processamento mais lento. 
– O indivíduo apresenta dificuldades em desempenhar e integrar tarefas ou estímulos que tenham mais de duas modalidades sensoriais ao mesmo tempo, por exemplo, informações auditivas com estímulos visuais e/ou táteis, e em integrar informação auditiva verbal com a não verbal ao mesmo tempo, como leitura e escrita ou ditado.

SUBPERFIS SECUNDÁRIOS DO PAC SUBPERFIL PROBLEMAS/DIFICULDADES

CARACTERÍSTICAS:

Deficit de associação auditivolinguístico 

– Caracteriza-se pela incapacidade em aplicar as regras da linguagem à informação auditiva de entrada. 
– Tem dificuldades em compreender a linguagem, incluindo dificuldades sintáticas e semânticas e, especialmente, mensagens linguisticamente mais complexas. 
– Apresenta dificuldades em atribuir significado linguístico, pior compreensão de linguagem oral do que escrita, e suas maiores dificuldades ocorrem nas atividades acadêmicas com demanda linguística. Deficit de organização de saída/ resposta 
– Dificuldades em organizar, sequenciar, planejar ou evocar respostas adequadas, assim como dificuldades no planejamento motor. 
– Geralmente apresenta dificuldades em lembrar certas informações, mesmo que estejam armazenadas, bem como em sequencia lógica. 
– Neste subperfil verificam-se dificuldades no seguimento de instruções orais, nas funções executivas e nas habilidades que dependem da memória.


ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES, PAIS E TERAPEUTAS Os indivíduos com dificuldades em processar as informações auditivas devem utilizar algumas estratégias compensatórias (facilitadoras).

Seguem, abaixo, algumas estratégias que podem ajudá-los, porém, orientações e atividades mais específicas e direcionadas exclusivamente para cada habilidade auditiva alterada são fornecidas pelo fonoaudiólogo que realizou o exame do Processamento Auditivo Central e/ou durante o treino auditivo com o fonoaudiólogo da reabilitação auditiva.

Dessa forma, estão listadas algumas orientações mais gerais, que podem ser utilizadas pelos professores, terapeutas e familiares:
1. Antes de começar a falar ou passar alguma solicitação, você deve ganhar a atenção auditiva do indivíduo com TPA, chamando pelo nome ou dando-lhe leves toques no ombro, garantindo que ele esteja olhando para você quando estiver falando;
2. Conscientizá-lo de que ele possui alguma dificuldade para entender a informação e que, durante uma conversa, deve olhar atentamente para o falante e evitar realizar movimentos físicos enquanto escuta;
3. Falar próximo ao indivíduo, de frente para ele. À medida que a terapia melhore as habilidades do processamento auditivo, aumentar gradativamente a distância;
4. Exponha o conteúdo falando de frente, com boa articulação, utilizando entonação rica e pausas nítidas. Que a fala/discurso/ conteúdo contenha uma linguagem clara e concisa, sem ambiguidades e que as informações sejam fragmentadas em partes menores para que possa ser entendido efetivamente o conteúdo; 
5. Quando for dada alguma orientação ou ordem, deve sempre se certificar que o indivíduo compreendeu a informação fornecida, pedindo que ele repita o que deve ser feito e não apenas perguntar se ele entendeu; 
 6. Caso não seja entendida a informação por completo, repetir a mesma ordem ou a mesma explicação quantas vezes forem necessárias, com frases e palavras diferentes, reestruturando a mensagem e não simplesmente repetindo a mesma frase.

Seguem algumas orientações mais específicas para sala de aula e para os estudos em casa. Em sala de aula:

1. Ter um lugar (assento) preferencial que será indicado de acordo com os exames e estratégias terapêuticas realizadas, com a finalidade de melhorar o acesso do indivíduo à informação auditiva;
2. Estar em salas com material que tenha boa capacidade de absorção acústica, com o uso de materiais absorventes (carpete, tecidos e placas de madeiras específicas a essa função) na parede, piso e teto, evitando, assim, a reverberação (a reverberação deveria ser uma preocupação importante no projeto arquitetônico da escola, mas quase nunca ocorre);
3. Sentar o indivíduo longe das paredes, portas e janelas. Manter sempre as portas fechadas;
4. Diminuir o nível de ruído dentro da sala de aula;
5. As áreas de estudo e ou leitura devem ser silenciosas, livres de distrações auditivas e visuais;
6. O aluno deve ter acesso ao conteúdo das aulas com antecedência, para se familiarizar de antemão com conceitos e novos vocabulários, isso permite que preste mais atenção à aula do que às palavras novas. Ou seja, seria a utilização do pré-ensino das informações novas (que pode ser realizado através de filmes, palavras-chave, entre outros);

Transtorno do Processamento Auditivo

Programar pequenos intervalos em que a atenção auditiva não seja solicitada para evitar fadiga auditiva. Insistir no ensino de uma pessoa com fadiga auditiva torna-se frustrante para o professor e para o aluno, pois quem tem TPA despende mais esforço em prestar atenção e entender a fala;
Em alguns casos, o sistema de FM pode seu útil. Sempre solicitar a orientação do fonoaudiólogo que realizou o exame do Processamento Auditivo Central e/ou do fonoaudiólogo da reabilitação auditiva.

Em casa:

1. Reduzir o nível de ruído nos locais de estudo (desligar o rádio e a televisão);
2. Sempre que possível, auxiliar seu filho nas atividades mais difí ceis;
3. Ter situações diárias de comunicação entre pais e fi lho(a). É importante ter um tempo para ele (a), pelo menos 30 minutos, para que ele(a) possa contar histórias, cantar músicas, descrever as atividades do dia a dia e, nesse momento, evitar a televisão e o rádio ligados em volume alto;
4. É importante o desenvolvimento de tarefas diárias que promovam sua resposta em voz alta, trabalhando com o reconhecimento de palavras-chave e a compreensão do assunto trabalhado tanto nas tarefas teóricas desenvolvidas em sala de aula ou das atividades escolares;
5. Seguir as orientações passadas pelo fonoaudiólogo que realizou o exame do Processamento Auditivo Central e/ou do fonoaudiólogo da reabilitação auditiva;
6. Realizar os exercícios recomendados pelo fonoaudiólogo da reabilitação auditiva.

Material organizado por Silvana Bassani da Silva


Fonte:

Manual de orientação: Transtorno do Processamento Auditivo – TPA
Pereira, Kátia Helena Manual de orientação: transtorno do processamento auditivo – TPA / Kátia Helena Pereira - Florianópolis: DIOESC, 2014. 62p.: il. color


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