Vamos
listar em tópicos as principais situações e como o professor pode
reagir a elas. Apesar da maior parte das alterações que promovem
dificuldades no processo de compreensão não ter cura, o quanto
antes se identifica e se estimula essa função, melhor a capacidade
do aluno. O nosso cérebro é bastante plástico e pode treinar
outras áreas para assumir o papel da região deficitária, desde que
ajudado.
• Antes
de considerar o aluno como alguém que não coopera nas atividades
diárias, certifique-se de que ele as compreendeu.. Lembre-se: eles
não conseguem gravar os significados das palavras, então o apoio
com as imagens precisa ser usado repetidamente. • Evite usar
figuras de linguagem ou metáforas. Se palavras com significado
concreto já são difíceis, imagine as com significado não literal.
A tendência do seu aluno é fazer uma compreensão concreta do
significado do que foi dito e a partir daí se confundir ainda mais
ou, simplesmente, escutar, mas não associar nenhum significado ao
som (som como barulho e não como palavras). Por exemplo, “acordar
com as galinhas” que pode ser usado para exemplificar que os alunos
precisam acordar bem cedo (cedo como as galinhas acordam geralmente),
pode ser compreendido como uma orientação que o aluno vá dormir no
galinheiro.
• Encurte
as explicações. Faça em tópicos bem delimitados. Use imagens.
• Incremente
todo o material escolar do aluno com imagens. Dificuldade de
compreensão Uma criança autista costuma se expressar de modo
extremamente objetivo. Para a pessoa que convive com um autista fica
a sensação de que ele é desajeitado e pouco sensível. Contudo, um
autista pode ser muito capaz de apreender o significado de atitudes e
condutas sociais e pode inclusive explorar possibilidades de
interação com auxílio de uma pessoa que seja sua referência.
Assim como algumas crianças têm dificuldade de compreensão, também
existe a dificuldade de expressão pela linguagem de seu estado
interno e suas vontades ou preferências, mesmo para as crianças que
adquiriram linguagem.
Muitas
vezes, a criança não tem percepção de que é ela que não se
expressa adequadamente e irrita-se com frequência com o ambiente,
pois se sente incompreendida. É usual que a dificuldade de expressão
esteja associada com a dificuldade de compreensão, o que atrapalha
muito o contato e a troca com o ambiente.
Lembre-se
de que a expressão pode ser por meio do comportamento. Um aluno
irrequieto, agitado, nervoso, ansioso pode manifestar dessa forma que
algum problema está acontecendo, mas que ele não consegue nem
solucionar sozinho nem pedir ajuda diretamente. • Caso você
perceba que o aluno está com alguma dificuldade para expressar algo,
procure auxiliá-lo.
Algumas
dicas práticas
Professor,
você já pensou em quantas coisas são ditas de outras formas que
não pelas palavras, por exemplo, pela expressão corporal? Se uma
criança está triste, se está aberta para brincadeiras, se está
preocupada, as mudanças de ritmo e entonação da voz são uma forma
de se comunicar. Imagine como seria sua capacidade de compreensão do
mundo se você fosse míope para todas essas nuances da expressão
corporal que sinalizam a comunicação. O mundo poderia ser um caos,
complexo e intangível. Como já vimos, rotina e um ambiente
previsível são as palavras-chave. Ajudam seu aluno a criar regras
que promovam uma compreensão, ainda que rudimentar, do ambiente.
Como
ajudar seu aluno a entender melhor o ambiente em que está inserido?
1.
Organize o espaço físico
• Crie
áreas específicas para cada atividade (brincar, trabalhos em grupo
ou individuais, lanche, atividades de autocuidados etc.).
• Demarque
um local para guardar seus pertences individuais.
• Ajude
o aluno a identificar visualmente a ordem das atividades de forma que
ele possa se orientar na sala de aula.
• Crie
formas de comunicação explícita para indicar que o aluno terminou
o trabalho (área para os trabalhos finalizados).
• Sinalize
bem os limites de cada área de trabalho de forma a evitar confusão
por parte da criança. Pela própria dificuldade social, há um
empenho na tentativa de se adequarem ao modo de conversar e a fala
fica parecendo pedante ou muito formal. A compreensão costuma ser
“ao pé da letra” e concreta, a expressão do que foi
compreendido de uma situação é empobrecida e carente de
simbolismos. A capacidade abstrativa e o estabelecimento de analogia
costuma ser restrito, se o nível intelectual estiver na média. Se
considerarmos a linguagem não verbal, temos a postura física e o
modo de andar também estereotipados, desarmonizados e com pouca
naturalidade, pela representação de gestos que são aprendidos.
Figuras
de referência: É fundamental que haja mais de uma pessoa de
referência para um aluno procurar quando precisa de um apoio. O
professor de classe (ou tutor, se houver mais de um professor) será
a primeira pessoa que o aluno irá solicitar quando precisa, mas em
sua ausência deve haver outro professor ou profissional da equipe
escolar que possa ajudar o aluno a se organizar diante de uma
situação de estresse. Ajude o aluno a criar uma estratégia dos
momentos que deve procurar ajuda e como proceder (quando e como).
Lembre-se sempre de que essas crianças, que já tem dificuldade de
compreender o ambiente de forma geral, tornam-se incapacitadas e
perdem as poucas estratégias que possuem quando em situação de
estresse.
Ao
tentar corrigir um comportamento de uma criança autista. Não
fale de forma ríspida e alta. Ela pode apenas se concentrar no
seu sentimento de raiva e não captar a informação a qual deseja
passar, podendo apresentar comportamento opositor ou apresentando a
mesma agressividade nas palavras sem distinção de hierarquias.
Tente focar na mensagem que deseja passar, usando palavras simples e
diretas e com a voz monótona e pacifico assim conseguirá captar
melhor a informação e corrigir o comportamento. Se preciso use o
apoio visual (Pecs ou imagens) do comportamento errado e do
comportamento assertivo para lhe ensinar qual é o certo!
Observe
o excesso de estímulos no ambiente
• Evite
muitas informações. Algumas crianças são mais sensíveis a alguns
estímulos específicos (isso é comum no autismo, por exemplo).
Outras, mesmo não sendo hipersensíveis, podem ter dificuldade de
decodificação das excitações sensoriais do ambiente (também
presente no autismo). Em ambas as situações, excesso de estímulo
pode causar um impacto negativo e piorar a interação da criança.
• Se
não for possível evitar, lembre-se de funcionar como figura de
apoio e criar estratégias preventivas para essas crianças nos
momentos em que algum excesso de estímulos sensoriais é esperado.
Por exemplo, se as crianças tendem a ser muito barulhentas no fim do
período escolar e a saída de todos é muito ruidosa, combine com o
seu aluno que ele sairá com você cinco minutos depois de todos.
Professor, você sabe o é que apego? O termo apego, muito utilizado
no senso comum, aparece nas referências teóricas como um modo de
vínculo afetivo, caracterizado pela sensação de segurança da
criança (ou adulto). Está diretamente associado a um relacionamento
interpessoal. O apego para criança se apresenta como uma sensação
de confiança e conforto, oferecendo a ela segurança para explorar o
mundo
A
reação de ansiedade mais conhecida em sala de aula é aquela que
aparece na hora da prova. Em situações de avaliação, é bem comum
uma criança ter “dor de barriga”, “ficar enjoada”, “suar
nas mãos”, ter febre. Pois é, a ansiedade costuma vir acompanhada
de reações fisiológicas. A ansiedade pode variar entre um
comportamento leve que gera desconforto pontual, mas, dependendo de
cada um, pode tomar proporções maiores Algumas pessoas podem entrar
em um estado de ansiedade tão intensa que sentem medo! Sim, medo é
uma reação de ansiedade. Você já reparou que quando sentimos medo
é como se algo de ruim fosse acontecer? Como se fossemos cada vez
menos capazes de evitar esse acontecimento que nos aflige. A fobia é
outra forma ainda mais intensa de ansiedade, maior que o medo. A
fobia se manifesta de forma incompatível ou desproporcional com as
possibilidades de perigo real. Ainda temos o pânico como mais uma
forma de comportamento ansioso e grave que ocorre como uma crise de
ansiedade intensa e de forma repentina. Em crises de pânico a
criança sente que está perdendo o controle da situação e fica sem
referências.
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