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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

TOD : Principais intervenções que podem ser realizadas pelo professor para abordar comportamentos agressivos e irritáveis no ambiente escolar.


De forma geral, o professor poderá diminuir o impacto se conseguir adotar atitudes que evitem situações de conflito ou de explosões afetivas...
Ao reconhecer situações de risco eminente, deve evitar um desfecho com excessiva carga afetiva e retomar o tópico em um segundo momento. 
Possibilite ao aluno irritado uma forma de proteção antes que agrida o grupo ou a você. Permita algum relaxamento nas atividades, autorize que se isole do grupo nas situações mais intensas. 
Sempre que possível, elogie ou tente se aproximar da criança irritada. Isso estimula uma forma de comunicação e que ela veja no professor um instrumento de ajuda, desde que não esteja colocando em risco a integridade física de outro aluno, profissionais da escola ou a própria 
Procure manter distância física do aluno. Tentar contê-lo pode aumentar as chances de que ele ou o profissional da escola se machuquem. 
Evite estímulos que podem piorar a explosão, como discutir ou argumentar. 
Afaste as pessoas ao redor. Não tente remover o aluno em questão. 
Mantenha em mente que as explosões verbais com xingamentos expressam mais uma situação de descontrole do que necessariamente o que está sendo expresso pelo conteúdo. 
Explosões geralmente são autolimitadas. Tentar interrompê-las ou encurtá-las geralmente causa o efeito oposto. 
Preocupe-se em promover a segurança dos alunos e dos profissionais da escola e não em interromper o quadro de explosão. 
Lembre-se de que todos nós perdemos a cabeça de vez em quando e o quanto isso é embaraçoso. Ajude seu aluno a se recompor depois da explosão. Converse com o grupo mostrando como isso pode acontecer com qualquer um, diminuindo o estigma e o impacto no grupo. 
 Se for uma situação que coloque em risco a integridade física de alguém :
Não é uma situação para o professor lidar sozinho. Chame o responsável pela segurança da escola. 
E se seu aluno irritado explodir em agressões verbais ou físicas? O que fazer? 
 Alguns alunos insistem em não fazer o que é solicitado ou mantêm um comportamento de questionamento às regras. Muitas situações diferentes podem desencadear esse tipo de comportamento, desde a “não compreensão do que é solicitado ou das regras” até “irritabilidade, falta de engajamento com o meio, disputa de poder, dificuldade de aceitar estruturas com hierarquia”. Mais difíceis do que a irritabilidade, esses comportamentos tornam a atividade em sala de aula ainda mais desafiadora. Abaixo listamos algumas sugestões de atitudes que podem ajudar o professor. 
Ao realizar as atividades estar seguro de qual estratégia seguir para a situação em questão. Alunos opositores e desafiadores tentarão ao máximo questionar cada conduta do professor, descredenciando-o e desmerecendo o desfecho proposto. 

Oposição e desrespeito às regras

Garantir que o aluno opositor esteja engajado na atividade, sem permitir brechas para que ele se coloque à margem do grupo. Elaborar atividades motivadoras e participativas, engajar o aluno no grupo, referenciá-lo ao longo da atividade e responsabilizá-lo com o desfecho.
Manter as atividades do dia o mais visível possível de forma que impossibilite ao aluno opositor se colocar como não informado das etapas e regras a ser seguidas.
Deixar claro, desde o início, o desfecho esperado e o comportamento desejado em cada atividade. • Dividir a sala em grupos menores e heterogêneos.
Disciplina
Impor o seguimento das regras de forma persistente e consistente, não permitir brechas ou negociações. Deixar claro as consequências para aqueles que optarem por não seguir as etapas proposta.
Certificar-se de que todos estão cientes dos compromissos e expectativas antes de iniciar cada atividade. Responsabilize-o por pequenas metas que você tenha certeza de que ele pode cumprir e que serão observadas de forma positiva para o grupo. 

Questionamentos

Evitar assuntos polêmicos que abram margem para discussões e múltiplas interpretações, principalmente no que concerne às regras. Deixar esse tipo de tópicos para momentos mais tranquilos.
Manter o foco das discussões em tópicos positivos.

Evitar disputas de poder
Evitar disputas, principalmente quando não são necessárias. Não dê argumentos que possam inflamar uma discussão. Deixe claro o seu ponto de vista, a regra e mude de tópico.
Se sentir que é importante ressaltar um comportamento negativo de um aluno, evite fazê-lo na sala de aula. Converse de forma discreta e em particular. Nunca levante a voz, fale calmamente, repita a mesma informação de forma pausada e calma, quantas vezes forem necessárias. Não argumente.

A atenção, assim como o controle de impulsos, são atividades que amadurecem durante o desenvolvimento. Por isso, espera-se que para crianças entre 7 e 12 anos,  um período mínimo de trinta minutos.

Existem várias situações relacionadas com a impossibilidade de uma criança ou de um adolescente ter dificuldade em manter o foco de atenção do início até a finalização de uma atividade.

Vamos listar aqui as mais comuns e as mais importantes. 

Problemas físicos como dor, cansaço, fome, dificuldade para enxergar, dificuldade para escutar. 
Padrão de sono pobre ou irregular com sonolência diurna. 
Problemas emocionais como situação familiar complicada, abandono, negligência, tristeza, ansiedade, medo. 
Dificuldade de compreensão do contexto social como nos quadros autistas 
Patologias psiquiátricas específicas como o Transtorno de Déficit de Atenção. • Patologias neurológias como epilepsia. 
Entre todas essas possibilidades citadas, algumas causarão uma dificuldade de foco de atenção mantido, outras serão transitórias Crianças desatentas têm muita dificuldade para organizar suas atividades, escutar uma orientação, planejar ações, prever e gerenciar etapas para concluir uma atividade. Elas se distraem facilmente com estímulos do ambiente (barulho, uma lembrança, objetos ao seu redor), esquecem objetos (mesmo muito importantes para elas, mas ainda mais o que tem menor importância). Tendem a procrastinar as atividades até o último momento. Como subestimam o tempo necessário para completar as atividades, muitas vezes não conseguem completar o que se propuseram e falham com seus pares nas demandas em grupos. 
Está certo dizer que se uma criança consegue se focar e prestar atenção por períodos longos em outras atividades que não os estudos (como videogame) ela não é desatenta? O que fazer para ajudar uma criança desatenta a melhorar sua atenção na sala de aula? Só o remédio que funciona? 

Algumas dicas práticas

1. Deixe-o longe de potenciais fontes de distração como janelas, portas, outros colegas agitados. Procure alocá-lo onde o foco seja o contato com o professor. 
2. Orientação individual de um aluno evitando exposição • Selecione para quais atividades o aluno precisará de mais apoio; por exemplo, quanto mais monótona e longa, mais difícil será a manutenção da atenção.
Nessas atividades, como uma leitura, passe pelo aluno e toque discretamente na página que está sendo lida. • Solicite que o aluno indique para quais atividades ele precisa de mais supervisão e como poderia ser fornecida. Faça esses questionamentos em particular. Se ele não conseguir se organizar para sugerir, dê sugestões com exemplos e permita que ele coloque como se sentiria em cada situação. 
Combine previamente um sinal com o seu aluno para resgatar a sua atenção ao tema da aula sem expô-lo. 
Medidas que podem aumentar a atenção para o conteúdo 
Permita ao aluno algum grau de controle sobre a atividade solicitada. Isso, de forma geral, diminui ansiedade e procrastinação e aumenta o desempenho. Por exemplo, pergunte por qual parte da atividade ele gostaria de começar; se gostaria de sair para caminhar um pouco a cada quinze minutos, e diga que você ajudaria a controlar o tempo; se prefere fazer em grupo ou individualmente (quando possível).
 • Fragmente as atividades em vários tópicos de até quinze minutos de duração contínua. Use os espaços entre as atividades para ajudar a aluno a extravasar sua energia física, no caso dos agitados, ou para poder compartilhar o fluxo dos pensamentos dos sonhadores.
Controle o tempo de descanso (lembre-se de que eles percebem mal o passar do tempo e têm dificuldade para se organizar). Antes de retornar à lição, ajude a direcionar o foco para as partes mais importantes do tópico a ser iniciado e fazer as ligações entre os tópicos anteriores. Uma atenção fragmentada pode determinar conteúdos fragmentados na mente.
Ajude a direcionar a atenção acentuando a importância de pontos-chave do conteúdo. Por exemplo, interrompa o fluxo do discurso e diga “agora isso é muito importante”, deixe uma pausa de um ou dois segundos antes de retomar. 
Explore os outros sentidos. Use outros estímulos sensoriais além do estímulo sonoro. Imagens, objetos, curiosidades, qualquer coisa que estimule os sentidos e faça o assunto aumentar de interesse
Mantenha um resumo em tópicos e ilustrações sinalizando pontos-chave, e uma linha cronológica do desenvolvimento de um tema. Chame a atenção para esse resumo a cada nova etapa, ajudando o aluno a organizar em sua mente o conteúdo de maneira coesa. • Estimule o contato visual do aluno com você. Perceba quando ele se distraiu pelo olhar e faça qualquer movimento ou atitude que chame a atenção. Não o repreenda, valorize a retomada de foco com um sorriso, faça uma pequena retomada do conteúdo (por exemplo, lembre o tópico: “falando sobre Dom Pedro II, o imperador do Brasil, podemos continuar dizendo que...”). 
Permita que o aluno use fone de ouvido com a música que ele acredita que o ajuda a se concentrar, principalmente em atividades que ele precisa fazer sozinho. Essa medida diminui o potencial de se distrair com os barulhos do ambiente. • Deixe o aluno usar objetos que o ajudem a diminuir estímulos externos visuais: boné quando precisa olhar apenas para o seu caderno, por exemplo. 
Enriqueça o material de estudo com outras informações além do conteúdo. Por exemplo, divida as etapas de uma lição em cores, criando metas a ser cumpridas.
 • Lembre-se de que o ruído externo atrapalha muito a concentração de todos, mas inviabiliza a de quem é desatento. Monitore constantemente o barulho na sala de aula.
 • Promova um ambiente de sala de aula estimulante do ponto de vista acadêmico. Se o aluno se distrair e passar a vagar o olhar pela sala, permita que possa se focar em imagens, objetos, trechos de textos que o ajudem a compreender o conteúdo do que está sendo ensinado. 
Atividade em grupo pode ser mais prazerosa que a atividade solitária. O engajamento afetivo ajuda no foco da atenção e na tendência em permanecer na mesma atividade por um período maior. 

 Compreender um tópico inteiro

Sempre que retomar um tópico (de uma aula para a outra, após uma interrupção por comportamentos inadequados ou outras situações), faça um pequeno resumo do tema e em que ponto estava. Lembre-se de que, muitas vezes, o aluno desatento não consegue ter uma visão coesa sobre um assunto por ter apreendido trechos fragmentados. A falta de compreensão do assunto inibe ainda mais a atenção e promove comportamentos opositores em relação ao assunto.
 Forneça orientações em partes fragmentadas tanto orais como escritas. Use outros incentivos sensoriais (cores, desenhos, organização espacial) para salientar cada tópico.
 • Antes de passar para uma próxima etapa, averigue o que foi compreendido e absorvido da anterior
 • Mostre aos alunos desde o início qual a sua expectativa final de aquisição ou de desempenho. 
Rotina :
Deixar as etapas da rotina diária em local de fácil visualização para todos os alunos. Lembrar que o aluno pode ter se distraído em etapas importantes de instrução e, por isso, ficou perdido em relação às próximas etapas e em como se organizar para elas. 
Encoraje o uso de checagem de itens antes do trocar para uma nova atividade, da análise do que foi concluído e do que é preciso para a próxima. Isso ajuda o aluno a reconhecer e se organizar em relação às etapas e metas.
Use sinalizadores sensoriais na troca. Palavras de ordem (sonoro) descrevendo as etapas, setas, desenhos (visuais), objetos a ser entregues (tátil). 
Promova supervisão de um adulto próximo ao aluno de forma que, caso ele se perca entre as etapas, possa ser orientado.

Importante:

No histórico de alunos com TOD fica claro como são raras as oportunidades que realizam passeios. Em geral, devido ao seu comportamento, os alunos são afastados das oportunidades para “evitar encrenca” . São muitos os relatos de momentos em que eles perdem o controle em público. 
Deve ser proposta de intervenção da escola; propor momentos de interação com os colegas da escola e com as regras que a convivência em grupo necessita, de maneira prazerosa e lúdica. Os momentos também são interessantes para que esses alunos percebam que não só ele, mas todo o grupo segue as mesmas regras, e observar que diferentes locais e espaços dos ambientes que estão visitando servem a diferentes propósitos.
Provocar situações que alunos percam nos jogos, por exemplo, no jogo de memória para que entre em contado com sentimentos de intensa frustração, sentimentos esses que o levarão a recorrer a comportamentos de esquiva e rompantes de agressividade. É necessário desconstruir o entendimento do que é o perder, o ganhar e o empatar; para tanto é preciso pensar sobre o real sentido do jogo: se divertir, não ganhar; o que é “dar o seu melhor”: fazer tudo que for legalmente possível para vencer, sem trapacear ou tentar infligir as regras, e não necessariamente ser o melhor de todos. Compreendendo que os jogos lúdicos são, na verdade, pequenos ensaios para a vida adulta, aprender a lidar com o sentimento de frustração quando as coisas não acontecem exatamente como esperado é uma importante conquista para melhorar a qualidade de suas relações interpessoais
Por exemplo, o jogo “A hora do rush” incentiva a criança a criar estratégias para sair de uma situação difícil. Geralmente esses alunos estão acostumados a recorrer a agressão, física e oral, ou a fuga para resolver seus problemas. Quando diante desse jogo, eles se sentem provocados a encontrar outra saída, a tomar outra postura para resolver a questão. Nota-se nesse ponto que a solução por ele tomada continuou sendo uma postura desafiadora e opositora, contudo, socialmente adequada e aceitável.
 Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de entender o que o outro sente ou como reage. Ela determina as possibilidades de relações sociais. No autismo, a capacidade de ter empatia está alterada. Mesmo em graus leves, com a possibilidade de criar bons vínculos com algumas pessoas de seu convívio, as crianças do espectro autista demonstram muita dificuldade para expressar e reconhecer o afeto que estará presente na relação e as emoções que surgem a partir de cada experiência que vive. Costuma ser bem difícil e estranho identificar o que e como se sentem; e muito mais a possibilidade de identificar o que o outro sente. Habilidades sociais não é algo que aprendemos na escola, mas em todos os lugares. Não é algo ensinado, espera-se que, ao longo das experiências, todos nós percebamos qual reação física indica que o outro está chateado (cenho franzido) ou triste (chorando) e como seria o esperado que se reagisse às sensações do outro. A empatia (capacidade de perceber o outro) é uma ferramenta essencial para essa atividade e, quando funcionando bem, promove a percepção naturalmente ao longo do desenvolvimento. A empatia também é acompanhada pela linguagem
Você já pensou no que acontece com as crianças que têm dificuldade de perceber essas dicas sociais que são tão importantes para a comunicação? O que acontece quando a entonação de voz não é percebida, apenas a palavra nua e crua no seu significado concreto? Essas crianças apresentarão dificuldades no desenvolvimento das suas habilidades sociais, terão muita dificuldade de compreender o ambiente e, logo, de comportar-se como o esperado.



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