De
forma geral, o professor poderá diminuir o impacto se conseguir
adotar atitudes que evitem situações de conflito ou de explosões
afetivas...
Ao
reconhecer situações de risco eminente, deve evitar um desfecho com
excessiva carga afetiva e retomar o tópico em um segundo momento.
• Possibilite
ao aluno irritado uma forma de proteção antes que agrida o grupo ou
a você. Permita algum relaxamento nas atividades, autorize que se
isole do grupo nas situações mais intensas.
• Sempre
que possível, elogie ou tente se aproximar da criança irritada.
Isso estimula uma forma de comunicação e que ela veja no professor
um instrumento de ajuda, desde que não esteja colocando em risco a
integridade física de outro aluno, profissionais da escola ou a
própria
• Procure
manter distância física do aluno. Tentar contê-lo pode aumentar as
chances de que ele ou o profissional da escola se machuquem.
• Evite
estímulos que podem piorar a explosão, como discutir ou
argumentar.
• Afaste
as pessoas ao redor. Não tente remover o aluno em questão.
• Mantenha
em mente que as explosões verbais com xingamentos expressam mais uma
situação de descontrole do que necessariamente o que está sendo
expresso pelo conteúdo.
• Explosões
geralmente são autolimitadas. Tentar interrompê-las ou encurtá-las
geralmente causa o efeito oposto.
• Preocupe-se
em promover a segurança dos alunos e dos profissionais da escola e
não em interromper o quadro de explosão.
• Lembre-se
de que todos nós perdemos a cabeça de vez em quando e o quanto isso
é embaraçoso. Ajude seu aluno a se recompor depois da explosão.
Converse com o grupo mostrando como isso pode acontecer com qualquer
um, diminuindo o estigma e o impacto no grupo.
Se
for uma situação que coloque em risco a integridade física de
alguém :
• Não
é uma situação para o professor lidar sozinho. Chame o responsável
pela segurança da escola.
E
se seu aluno irritado explodir em agressões verbais ou físicas? O
que fazer?
Alguns
alunos insistem em não fazer o que é solicitado ou mantêm um
comportamento de questionamento às regras. Muitas situações
diferentes podem desencadear esse tipo de comportamento, desde a “não
compreensão do que é solicitado ou das regras” até
“irritabilidade, falta de engajamento com o meio, disputa de poder,
dificuldade de aceitar estruturas com hierarquia”. Mais difíceis
do que a irritabilidade, esses comportamentos tornam a atividade em
sala de aula ainda mais desafiadora. Abaixo listamos algumas
sugestões de atitudes que podem ajudar o professor.
Ao
realizar as atividades estar seguro de qual estratégia seguir para a
situação em questão. Alunos opositores e desafiadores tentarão ao
máximo questionar cada conduta do professor, descredenciando-o e
desmerecendo o desfecho proposto.
Oposição
e desrespeito às regras
• Garantir
que o aluno opositor esteja engajado na atividade, sem permitir
brechas para que ele se coloque à margem do grupo. Elaborar
atividades motivadoras e participativas, engajar o aluno no grupo,
referenciá-lo ao longo da atividade e responsabilizá-lo com o
desfecho.
• Manter
as atividades do dia o mais visível possível de forma que
impossibilite ao aluno opositor se colocar como não informado das
etapas e regras a ser seguidas.
• Deixar
claro, desde o início, o desfecho esperado e o comportamento
desejado em cada atividade. • Dividir a sala em grupos menores e
heterogêneos.
Disciplina
• Impor
o seguimento das regras de forma persistente e consistente, não
permitir brechas ou negociações. Deixar claro as consequências
para aqueles que optarem por não seguir as etapas proposta.
• Certificar-se
de que todos estão cientes dos compromissos e expectativas antes de
iniciar cada atividade. Responsabilize-o por pequenas metas que você
tenha certeza de que ele pode cumprir e que serão observadas de
forma positiva para o grupo.
Questionamentos
• Evitar
assuntos polêmicos que abram margem para discussões e múltiplas
interpretações, principalmente no que concerne às regras. Deixar
esse tipo de tópicos para momentos mais tranquilos.
• Manter
o foco das discussões em tópicos positivos.
Evitar
disputas de poder
• Evitar
disputas, principalmente quando não são necessárias. Não dê
argumentos que possam inflamar uma discussão. Deixe claro o seu
ponto de vista, a regra e mude de tópico.
• Se
sentir que é importante ressaltar um comportamento negativo de um
aluno, evite fazê-lo na sala de aula. Converse de forma discreta e
em particular. Nunca levante a voz, fale calmamente, repita a mesma
informação de forma pausada e calma, quantas vezes forem
necessárias. Não argumente.
A
atenção, assim como o controle de impulsos, são atividades que
amadurecem durante o desenvolvimento. Por isso, espera-se que para
crianças entre 7 e 12 anos, um período mínimo de trinta
minutos.
Existem
várias situações relacionadas com a impossibilidade de uma criança
ou de um adolescente ter dificuldade em manter o foco de atenção do
início até a finalização de uma atividade.
Vamos
listar aqui as mais comuns e as mais importantes.
• Problemas
físicos como dor, cansaço, fome, dificuldade para enxergar,
dificuldade para escutar.
• Padrão
de sono pobre ou irregular com sonolência diurna.
• Problemas
emocionais como situação familiar complicada, abandono,
negligência, tristeza, ansiedade, medo.
• Dificuldade
de compreensão do contexto social como nos quadros autistas
• Patologias
psiquiátricas específicas como o Transtorno de Déficit de Atenção.
• Patologias neurológias como epilepsia.
Entre
todas essas possibilidades citadas, algumas causarão uma dificuldade
de foco de atenção mantido, outras serão transitórias Crianças
desatentas têm muita dificuldade para organizar suas atividades,
escutar uma orientação, planejar ações, prever e gerenciar etapas
para concluir uma atividade. Elas se distraem facilmente com
estímulos do ambiente (barulho, uma lembrança, objetos ao seu
redor), esquecem objetos (mesmo muito importantes para elas, mas
ainda mais o que tem menor importância). Tendem a procrastinar as
atividades até o último momento. Como subestimam o tempo necessário
para completar as atividades, muitas vezes não conseguem completar o
que se propuseram e falham com seus pares nas demandas em grupos.
Está
certo dizer que se uma criança consegue se focar e prestar atenção
por períodos longos em outras atividades que não os estudos (como
videogame) ela não é desatenta? O que fazer para ajudar uma criança
desatenta a melhorar sua atenção na sala de aula? Só o remédio
que funciona?
Algumas
dicas práticas
1.
Deixe-o longe de potenciais fontes de distração como janelas,
portas, outros colegas agitados. Procure alocá-lo onde o foco seja o
contato com o professor.
2.
Orientação individual de um aluno evitando exposição •
Selecione para quais atividades o aluno precisará de mais apoio; por
exemplo, quanto mais monótona e longa, mais difícil será a
manutenção da atenção.
• Nessas
atividades, como uma leitura, passe pelo aluno e toque discretamente
na página que está sendo lida. • Solicite que o aluno indique
para quais atividades ele precisa de mais supervisão e como poderia
ser fornecida. Faça esses questionamentos em particular. Se ele não
conseguir se organizar para sugerir, dê sugestões com exemplos e
permita que ele coloque como se sentiria em cada situação.
• Combine
previamente um sinal com o seu aluno para resgatar a sua atenção ao
tema da aula sem expô-lo.
Medidas
que podem aumentar a atenção para o conteúdo
• Permita
ao aluno algum grau de controle sobre a atividade solicitada. Isso,
de forma geral, diminui ansiedade e procrastinação e aumenta o
desempenho. Por exemplo, pergunte por qual parte da atividade ele
gostaria de começar; se gostaria de sair para caminhar um pouco a
cada quinze minutos, e diga que você ajudaria a controlar o tempo;
se prefere fazer em grupo ou individualmente (quando possível).
• Fragmente
as atividades em vários tópicos de até quinze minutos de duração
contínua. Use os espaços entre as atividades para ajudar a aluno a
extravasar sua energia física, no caso dos agitados, ou para poder
compartilhar o fluxo dos pensamentos dos sonhadores.
Controle
o tempo de descanso (lembre-se de que eles percebem mal o passar do
tempo e têm dificuldade para se organizar). Antes de retornar à
lição, ajude a direcionar o foco para as partes mais importantes do
tópico a ser iniciado e fazer as ligações entre os tópicos
anteriores. Uma atenção fragmentada pode determinar conteúdos
fragmentados na mente.
• Ajude
a direcionar a atenção acentuando a importância de pontos-chave do
conteúdo. Por exemplo, interrompa o fluxo do discurso e diga “agora
isso é muito importante”, deixe uma pausa de um ou dois segundos
antes de retomar.
• Explore
os outros sentidos. Use outros estímulos sensoriais além do
estímulo sonoro. Imagens, objetos, curiosidades, qualquer coisa que
estimule os sentidos e faça o assunto aumentar de interesse
• Mantenha
um resumo em tópicos e ilustrações sinalizando pontos-chave, e uma
linha cronológica do desenvolvimento de um tema. Chame a atenção
para esse resumo a cada nova etapa, ajudando o aluno a organizar em
sua mente o conteúdo de maneira coesa. • Estimule o contato visual
do aluno com você. Perceba quando ele se distraiu pelo olhar e faça
qualquer movimento ou atitude que chame a atenção. Não o
repreenda, valorize a retomada de foco com um sorriso, faça uma
pequena retomada do conteúdo (por exemplo, lembre o tópico:
“falando sobre Dom Pedro II, o imperador do Brasil, podemos
continuar dizendo que...”).
• Permita
que o aluno use fone de ouvido com a música que ele acredita que o
ajuda a se concentrar, principalmente em atividades que ele precisa
fazer sozinho. Essa medida diminui o potencial de se distrair com os
barulhos do ambiente. • Deixe o aluno usar objetos que o ajudem a
diminuir estímulos externos visuais: boné quando precisa olhar
apenas para o seu caderno, por exemplo.
• Enriqueça
o material de estudo com outras informações além do conteúdo. Por
exemplo, divida as etapas de uma lição em cores, criando metas a
ser cumpridas.
• Lembre-se
de que o ruído externo atrapalha muito a concentração de todos,
mas inviabiliza a de quem é desatento. Monitore constantemente o
barulho na sala de aula.
• Promova
um ambiente de sala de aula estimulante do ponto de vista acadêmico.
Se o aluno se distrair e passar a vagar o olhar pela sala, permita
que possa se focar em imagens, objetos, trechos de textos que o
ajudem a compreender o conteúdo do que está sendo ensinado.
• Atividade
em grupo pode ser mais prazerosa que a atividade solitária. O
engajamento afetivo ajuda no foco da atenção e na tendência em
permanecer na mesma atividade por um período maior.
Compreender
um tópico inteiro
• Sempre
que retomar um tópico (de uma aula para a outra, após uma
interrupção por comportamentos inadequados ou outras situações),
faça um pequeno resumo do tema e em que ponto estava. Lembre-se de
que, muitas vezes, o aluno desatento não consegue ter uma visão
coesa sobre um assunto por ter apreendido trechos fragmentados. A
falta de compreensão do assunto inibe ainda mais a atenção e
promove comportamentos opositores em relação ao assunto.
Forneça
orientações em partes fragmentadas tanto orais como escritas. Use
outros incentivos sensoriais (cores, desenhos, organização
espacial) para salientar cada tópico.
• Antes
de passar para uma próxima etapa, averigue o que foi compreendido e
absorvido da anterior
• Mostre
aos alunos desde o início qual a sua expectativa final de aquisição
ou de desempenho.
Rotina
:
• Deixar
as etapas da rotina diária em local de fácil visualização para
todos os alunos. Lembrar que o aluno pode ter se distraído em etapas
importantes de instrução e, por isso, ficou perdido em relação às
próximas etapas e em como se organizar para elas.
• Encoraje
o uso de checagem de itens antes do trocar para uma nova atividade,
da análise do que foi concluído e do que é preciso para a próxima.
Isso ajuda o aluno a reconhecer e se organizar em relação às
etapas e metas.
• Use
sinalizadores sensoriais na troca. Palavras de ordem (sonoro)
descrevendo as etapas, setas, desenhos (visuais), objetos a ser
entregues (tátil).
• Promova
supervisão de um adulto próximo ao aluno de forma que, caso ele se
perca entre as etapas, possa ser orientado.
Importante:
No
histórico de alunos com TOD fica claro como são raras as
oportunidades que realizam passeios. Em geral, devido ao seu
comportamento, os alunos são afastados das oportunidades para
“evitar encrenca” . São muitos os relatos de momentos em que
eles perdem o controle em público.
Deve
ser proposta de intervenção da escola; propor momentos de interação
com os colegas da escola e com as regras que a convivência em grupo
necessita, de maneira prazerosa e lúdica. Os momentos também são
interessantes para que esses alunos percebam que não só ele, mas
todo o grupo segue as mesmas regras, e observar que diferentes locais
e espaços dos ambientes que estão visitando servem a diferentes
propósitos.
Provocar
situações que alunos percam nos jogos, por exemplo, no jogo de
memória para que entre em contado com sentimentos de intensa
frustração, sentimentos esses que o levarão a recorrer a
comportamentos de esquiva e rompantes de agressividade. É necessário
desconstruir o entendimento do que é o perder, o ganhar e o empatar;
para tanto é preciso pensar sobre o real sentido do jogo: se
divertir, não ganhar; o que é “dar o seu melhor”: fazer tudo
que for legalmente possível para vencer, sem trapacear ou tentar
infligir as regras, e não necessariamente ser o melhor de todos.
Compreendendo que os jogos lúdicos são, na verdade, pequenos
ensaios para a vida adulta, aprender a lidar com o sentimento de
frustração quando as coisas não acontecem exatamente como esperado
é uma importante conquista para melhorar a qualidade de suas
relações interpessoais
Por
exemplo, o jogo “A hora do rush” incentiva a criança a criar
estratégias para sair de uma situação difícil. Geralmente esses
alunos estão acostumados a recorrer a agressão, física e oral, ou
a fuga para resolver seus problemas. Quando diante desse jogo, eles
se sentem provocados a encontrar outra saída, a tomar outra postura
para resolver a questão. Nota-se nesse ponto que a solução por ele
tomada continuou sendo uma postura desafiadora e opositora, contudo,
socialmente adequada e aceitável.
Empatia
é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de entender o que o
outro sente ou como reage. Ela determina as possibilidades de
relações sociais. No autismo, a capacidade de ter empatia está
alterada. Mesmo em graus leves, com a possibilidade de criar bons
vínculos com algumas pessoas de seu convívio, as crianças do
espectro autista demonstram muita dificuldade para expressar e
reconhecer o afeto que estará presente na relação e as emoções
que surgem a partir de cada experiência que vive. Costuma ser bem
difícil e estranho identificar o que e como se sentem; e muito mais
a possibilidade de identificar o que o outro sente. Habilidades
sociais não é algo que aprendemos na escola, mas em todos os
lugares. Não é algo ensinado, espera-se que, ao longo das
experiências, todos nós percebamos qual reação física indica que
o outro está chateado (cenho franzido) ou triste (chorando) e como
seria o esperado que se reagisse às sensações do outro. A empatia
(capacidade de perceber o outro) é uma ferramenta essencial para
essa atividade e, quando funcionando bem, promove a percepção
naturalmente ao longo do desenvolvimento. A empatia também é
acompanhada pela linguagem
Você
já pensou no que acontece com as crianças que têm dificuldade de
perceber essas dicas sociais que são tão importantes para a
comunicação? O que acontece quando a entonação de voz não é
percebida, apenas a palavra nua e crua no seu significado concreto?
Essas crianças apresentarão dificuldades no desenvolvimento das
suas habilidades sociais, terão muita dificuldade de compreender o
ambiente e, logo, de comportar-se como o esperado.
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